sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Roma em sua Gênesis

A fundação de Roma mistura mitos e fatos. Onde o imaginário construído para justificar uma civilização, se mistura com ocorridos verdadeiros. De acordo do Géza os registros de Roma foram datados no quarto século pós-fundação, ou seja, as suas bases não são dignas de grandes considerações pois já tinham uma carga ufanista. Contudo não tratava apenas de inverdades.
Grimal no livro A Civilização Romana, nos conta sobre a lenda de Rômulo e Remo, irmãos abandonados pelo seu pai, o deus Marte, a margem do rio Tibre, e amamentados por uma loba. São acolhidos por um casal de pastores (Faustulo e Larentia). Depois de adultos separam-se, Rômulo escolhe o berço de sua infância e Remo escolheu o outro lado do vale do Grande Circo no Aventino. Favorecido pelos deuses Rômulo vê doze abutres, enquanto seu irmão vê apenas seis. Esse era o sinal de que Rômulo edificaria a cidade e não Remo.
A cidade construída entre sete colinas (Aventino, Quirinal, Palatino, Viminal, Capitólio ou Capitolino, Célio e Esquilino), por Rômulo, contava com muros. Remo ao tentar transpassar os muros da cidade foi morto pelo seu próprio irmão, Rômulo, que queria manter a "inviolabilidade" de sua cidade.
Mitologicamente assim foi erguida a cidade de Roma, contudo Grimal diz: "É certo que os romanos não acreditam nesta história, mas aceitaram-na".
Géza, também não atribuiu a fundação de Roma por Rômulo, pois é mais mitológica do que histórica. Então propõe outra versão: - Havia habitantes locais: os latinos, sabinos, etruscos, terramarícolas, villanovianos, italiotas, etc. O desenvolvimento gradual desses povos possibilitou uma fundição processual de suas culturas que é datado de início do século VI a.C. quando estes povos viviam em cidades-estado. Essa corrente também é ilustrada por Grimal.
Quanto à corrente etrusca, Grimal e Géza apresentam aspectos ainda mais semelhantes. Roma foi dominada pela civilização etrusca, pois a síntese romana está impregnada com a essência estrusca: Modelo de governo, tradições religiosas, cultura e ainda grande parte da estrutura social.
Outro fator abordado por Géza foi a influência grega com o seu estabelecimento no sul da Itália. Influência essa que foi muito sentida na cultura, mas ainda afirma que a fundação de Roma deve-se aos etruscos.
A origem de Roma sempre será algo a ser estudado, pois todos os mistérios dessa civilização ainda está por se revelar. Há grandes perguntas e controvérsias sobre sua fundação.

Por Bruno Drumond Oliveira e Lorena de Souza Coutinho

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bandeirantismo

“O bandeirantismo foi produto do descaso com  que Portugal se relacionava com a região do Brasil. Devido ao fracasso da cana-de-açúcar nessa região, a população se dirigiu interior adentro. As condições de vida eram precárias e miseráveis e, uma das saídas foi à exploração do sertão em busca do ouro.
O apresamento de índios para serem vendidos como escravos foi muito bem sucedido, pois sós engenhos do nordeste brasileiro sofriam com a falta de escravos já que o tráfico negreiro havia sido interrompido pela Espanha.
Com a retomada do tráfico os paulistas se acham novamente na crise, a mão-de-obra indígena perde o valor. Essa crise só é superada com a posterior descoberta do ouro, porém este produto passou a ser controlado pela Metrópole mantendo os paulistas na situação de extrema pobreza da qual viviam”.

ü Bandeirantismo

Quando ouvimos o termo “bandeirante” lembramos da imagem dos “heróis brasileiros”, “desbravadores”, “aventureiros”, “construtores épicos do Brasil”; contudo esse ufanismo está abalado na contemporaneidade.
A imagem de “construtores épicos do Brasil”, certamente foi a mais difundida no território nacional, porém a datação dos episódios é imprecisa, fragilizando as afirmações. Devem-se levar em conta, também, as produções historiográficas que surgiram depois da produção bandeirante realizadas sobre o Brasil como Colônia.
A análise dos bandeirantes de São Vicente e São Paulo de Piratininga seu desenvolvimento material e seus limites de movimentação.

ü São Vicente e São Paulo de Piratininga: O cenário histórico do bandeirante

Considerando um sentido mais amplo da colonização brasileira em: grandes latifúndios monocultores, mão-de-obra escrava e comércio externo; São Paulo causou certo impacto ao modelo mais geral. E esse impacto ajuda-nos à compreender o surgimento histórico dos bandeirantes.
A capitania de São Vicente não possuía condições naturais que contribuísse à ação colonizadora: faixa litorânea estreita e a má qualidade do solo eram alguns dos obstáculos encontrados pelo colonizador.
A vila criada em 1535 – São Vicente – não foi alvo de consideráveis alterações e era caracterizada pela precariedade da vida material. Com isso deu-se o processo de ocupação do planalto paulista, deixando São Vicente e Santos em segundo plano e quase foram extintos.
São Paulo possuía condições de defesas favoráveis, que um observador da época relatou em sua frase: “esta terra se pode defender com cem homens de cem mil”. Seis anos depois acrescentaram a São Paulo o vilarejo de Santo André da Borda do Campo, porém as condições naturais também não contribuíam, impedindo o plantio, a pesca e a criação de gado por falta d’água.
Dos colonos que vieram para São Paulo, à maioria era de agricultores, pecuaristas, mercadores e aventureiros em busca de oportunidades na colônia. Agriculturas canavieiras, de subsistência de frutas para doces e a pecuária, consistiram em pontos fortes da colonização. Principalmente a monocultura canavieira.
Já na metade do século XVII nota-se a presença de artigos de luxo, antes não encontrados, que poderia provir da marcha do ciclo de mineração. Mas o traço marcante de escassez não foi apagado.
Ainda na segunda metade do século XVII percebia-se a falta de qualidade de bens e de bens materiais como: escravos, transporte, comunicação, roupas, especiarias, cosméticos, etc. Apesar da mineração o colonizador se desenvolveu num cenário de extrema pobreza, penúria, escassez, etc.
Alguns dizem que São Paulo tinha uma riqueza mediana ou até estável riqueza. Contudo o contexto da construção de São Paulo não é esse, mas o contrário, pobreza extrema. A prosperidade paulistana só foi avistada com a produção cafeeira.
Foi nessa condição particular de São Paulo que surgiu o bandeirante: ensinado a fazer da vida uma “aventura” à caça de escravos nos sertões.

ü As Bandeiras: Solução de urgência para a pobreza paulista

A população de São Paulo não podia contar com um enriquecimento dado pelo empreendimento da colônia. O bandeirante, então, foi o produto de uma região à margem do desenvolvimento. Com a vida sem bens materiais e a vida econômica limitada, eles buscaram lucros rápidos com a caça ao índio, aos metais e as pedras preciosas, sempre em outro quadro que não fosse a agricultura.
O nome bandeiras era de uma denominação militar que servia para defender os colonos, até mesmo dos índios. Contudo os bandeirantes se transformaram em ‘paramilitares’ de ataque; e devido ao processo de militarização ocorrido entre os bandeirantes o governador D. Francisco de Souza aprova a decisão de militarizar os homens de quatorze anos acima, incluindo os índios.
A expedição era comandada por um homem branco que possuía poderes absolutos sobre seus subordinados, escravos e índios. Os índios e escravos eram os “batedores” e “coletores”, o capelão era uma espécie de autoridade espiritual ligado à Igreja, que também era um dos participantes; usado para legitimar a expedição pela Igreja, e o número de membros variava muito, desde quinze homens até centenas.
Os bandeirantes levavam pólvora, machados, balas, cordas – para amarrar os índios apreendidos – sementes, sal e um pouco de alimentos. Comumente partiam na madrugada e pousavam ao entardecer e durante o dia caçavam, pescavam, coletavam frutos, extraiam palmito e mel. Andavam pelas trilhas indígenas e pelos rios com canoas improvisadas.
As viagens duravam meses e até anos, e com toda a prática adquiriram um conhecimento das matas e chegavam a ser “habilidosos como os próprios animais”. Ao que indica, eles caminhavam descalços, chapelão de abas largas, a camisa, a ceroula e os gibões de algodão alcochoados para anteparo das flechas dos índios.
A geografia contribuiu para o movimento dos bandeirantes, devido à posição de São Paulo que era centro fluvial e terrestre ou como a expressão diz: “boca do sertão”. Havia varias passagens dentre rios, córregos, estradas planas, morros e serras que possibilitava a entrada nas minas. Além de tudo, São Paulo possuía contato com o mar, o que após os anos se tornou um canal para fluxo de comunicação e do complemento necessário.

ü Escravidão indígena e violência: O Bandeirantismo de apresamento


Antes da colonização oficial, os colonos praticavam escambo utilizando os “prisioneiros de guerra” nativos. Porém, só quando houve início efetivo da colonização, com a necessidade de mão-de-obra para o trabalho nas lavouras é que levou o colonizador a capturar indígenas.
Apesar de receberem autorização da parte de D. João III para aprisionar os nativos, muitos desses nativos colaboraram espontaneamente. Mesmo com as colaborações indígenas os colonizadores se opuseram à missão jesuíta – que defendia e protegia o índio – com ataques violentos as comunidades e cometendo genocídios em série, fator que levou o índio a evitar contato com o colonizador e se refugiar no sertão.
A função bandeirante era de “ir buscar” os índios nos sertões, contudo o bandeirante usava de violência excessiva e de grande brutalidade. Em 1570 o rei proibiu a cativação do índio, exceto os tomados em uma “guerra justa”.
Outra lei foi em 1591, dando poderes aos padres de ‘buscar’ os índios no sertão e a distribuição deles no litoral. Mas anteriormente e até mesmo depois houve conflitos entre colonizadores, jesuítas e indígenas.
As novas formas de lei, ainda eram burladas pela “manha e malícia” portuguesa, assegurando a mão-de-obra escrava.
Por sua vez o jesuíta introduzia o índio à religião católica, contudo os antigos abusos consistiram em pagamento de tributo e no caso índio deveria ser com força de trabalho, o que acabava sendo como a escravidão. O preceito de ‘guerra justa’ era malicioso, violento e só serviu para legitimar a cativação do índio.
Os bandeirantes da região do Tietê dizimaram os tupiniquins, a partir de então, começou uma nova fase bandeirante caracterizada pela expansão da extensão geográfica do espaço e em conseqüência o aprisionamento em larga escala de índios. Que permitiu os portugueses traficarem escravos indígenas com os espanhóis.
Quanto a disposição das terras, fazia-se loteamentos em que cada família indígena produzia e a safra ia para um armazém comum, que era usado no sustento de padres, funcionários, artesãos e dos que eram sustentados pelo trabalho coletivo. Os colonos divisaram a ordem jesuíta com uma subversão da ordem, em que o índio devia se submeter ao colonizador, que o queria como escravo. Com a união da Espanha com Portugal, sob o comando dos Felipes, a penetração dos bandeirantes foi facilitada e o combate aos jesuítas aumentou o que levou muitos jesuítas a se corromperem e a fazer das missões uma fonte de abastecimento de índios para os colonos.
No entanto os livros sobre história do Brasil não apresentam esse discurso sobre os bandeirantes e cultiva a imagem heróica – salvo alguns poucos manuais –. Alguns historiadores dizem que se vivia em tempos violentos e que as crueldades eram naturais e que se vivia uma política expansionista.
No início da construção historiográfica os relatos dos jesuítas assumiram o segundo plano, pois “havia perdido o seu caráter de denúncia”. Percebe-se um contraste marcante entre os relatos dos jesuítas e dos colonizadores.
Usou-s de muitas formas de dominar os indígenas, o escambo – porém não surtiu grande efeito – a agricultura – que alterou bruscamente o sistema do índio que foi sedentarizado para que ficasse sob domínio do colonizador.
Em geral, desde o início o colonizador não desenvolveu nenhum meio, além de escravizar ou isolar o indígena. E sob as condições em que viviam eles reagiam de três formas: fugas – a mais comum – revoltas  e até mesmo o suicídio.

ü Novas tentativas de fortuna: O ouro das gerais

O período do ouro nas minas gerais está associado ao bandeirantismo, pois São Paulo queria uma nova tentativa de acabar com a extrema pobreza da sociedade, assim a busca pelos metais.
Antes dos grandes achados de metais e pedras preciosas os portugueses já tinham certa convicção de encontrá-los. Quanto a sua localização, imaginava-se que seria próxima das fronteiras, desse modo deveria haver a penetração pelos sertões.
Corriam notícias de alguns achados de ouro e pedras em Porto Seguro e realizaram expedições que foram até as terras da Amazônia, porém não se encontrou grande coisa e os métodos ainda eram rudimentares.
Inicia-se então um período de pesquisa de metais para suprir as dívidas de Portugal como: o tratado de Methuen com a Inglaterra.
As grandes descobertas começaram depois da expedição de Fernão Dias a região onde hoje é Ouro Preto, Mariana. O que ocasionou um grande êxodo, não só de colonos como também de estrangeiros em busca do metal dourado. Enriquecendo, assim, Portugal e alguns poucos “grandes homens”.

ü A questão do herói bandeirante

Muito ainda se ouve a expressão de herói bandeirante, que é apoiada em diversos autores que afirmam a importância do processo dado pelas bandeiras em comunhão com o Estado para o desenvolvimento social, econômico e cultural da colônia.
Contudo sabe-se da violência por eles cometida, a sobreposição de cultura, o interesse mais digno de nome pessoal do que comunitário entre outros fatores.
Como diz o próprio autor, Carlos Henrique Davidoff:
“A rigor – e basta examinar os textos para se criticar – a construção da figura do herói bandeirante só avançou na proporção exata em que se encobriu ou descartou a questão da violência cometida contra grupos locais, abrindo caminho, deste modo, para que se exaltasse a idéia de expansão territorial e heroísmo, desvinculando-a da interpretação de seu verdadeiro contexto histórico e social do século XVII, que necessariamente envolve a consideração do destino que sofreu a população indígena que esteve sob a área de ação das bandeiras.”




Referências: 
DAVIDOFF, Carlos Henrique. Bandeirantismo: verso e reverso. 8ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1998.
Por Bruno Drumond Oliveira

Júlio César

        FICHA TÉCNICA

Nome: CAIO JÚLIO CÉSAR (português)
Caius Iulius Caesar (latim)
IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS (grego)

Nascimento: 13 DE JULHO, 100 a.C
Morte: 15 DE MARÇO, 44 a.C

Reinado: OUTUBRO, 49 a.C – MARÇO, 44 a.C
                                                                                                        
Pai: CAIO JÚLIO CÉSAR
Mãe: AURÉLIA COTA

Dinastia: JÚLIO-CLAUDIANA

Sucessor: OTÁVIO CÉSAR AUGUSTO


*Curiosidade: Após Júlio César morrer, seu sobrinho e filho adotivo Otávio assumiu o nome César junto ao dele como também quatro imperadores depois de Júlio César, sendo eles, Otávio César Augusto, Tibério Nero César, Caio César Calígula e Nero Cláudio César. A partir de então, o nome César ficou intimamente ligado à idéia de imperador, líder, chefe supremo. No Império Bizantino qualquer governante de algum país podia ser chamada de césar. Posteriormente na Rússia césar se transformou em czar e na Alemanha em kaiser, mas originam-se de césar.

·        INTRODUÇÃO

Roma tem em suas origens mitos fascinantes e uma história impregnada de ufanismo. Grimal em seu livro A civilização romana traz à discussão algumas histórias sobre Roma e sua origem. Dentre elas, a lenda dos irmãos Rômulo e Remo, filhos do deus Marte, abandonados à margem do rio Tibre, foram amamentados por uma loba e encontrados por um casal de pastores que os criaram. Já adulto Rômulo teria erguido Roma entre sete colinas (Aventino, Célio, Capitólio ou Capitolino, Esquilino, Palatino, Quirinal e Viminal) e Remo ao tentar transpassar os muros da cidade foi morto pelo próprio irmão que queria garantir a inviolabilidade da cidade. Teria sido Rômulo o primeiro rei de Roma e a partir da sua fundação em aproximadamente 753 a.C. dava-se início ao período monárquico romano.
A monarquia estendeu-se até aproximadamente 509 a.C. quando os romanos revoltados com um severo rei, Tarquínio Soberbo, fizeram de Roma uma República. Como República, Roma passou por diversas guerras, conquistas, batalhas e teve vários cônsules e grandes generais. Roma atingiu um alto nível de poder, domínio e influência devido a suas campanhas e guerras vencidas (também as chamadas Guerras Púnicas).
Essas guerras garantiram pra Roma um controle das regiões ao derredor dela, mas os conflitos internos estavam tomando grandes proporções. Dois irmãos, Tibério e Caio Graco, que eram tribunos iniciaram uma reforma agrária para ajudar a classe menos favorecida, mas a classe dominante resistiu e os Graco’s foram assassinados e suas “leis” extintas, contudo o povo reagiu criando um novo partido que enfraqueceu o senado e os aristocratas. Contudo o poder real se encontrava nas mãos dos militares.
Destacavam dentre os militares, alguns como: Mário e Sula. Mário, eleito cônsul por seis vezes, fez fama com campanhas na Espanha, África e norte da Itália e Sula, poderoso general, liderou tropas romanas na Guerra Social. Ambos passaram a lutar pelo poder ao mesmo tempo e contra Mitrídates. Mitrídates havia se fortalecido como reino, porém dois generais romanos, Lúculo e Pompeu, venceram Mitrídates.
Mário morre em 86 a.C. e Sula inicia um “reinado” de terror, porém Sula morre oito anos depois de Mário e sem ninguém no poder iniciou-se as novas lutas, a partir de então Pompeu, Crasso e Júlio César se unem para formar um governo de três membros, chamado de Triunvirato. César se destacou em suas campanhas mais do que os outros dois, contudo o senado passou a temer o aumento crescente do poder de César e deu ordem que ele renunciasse o seu posto. César desafiou o senado e venceu uma guerra civil contra seu ex-aliado Pompeu e sem grandes resistências César firmou-se como governante soberano sobre Roma.

·        CÉSAR, DIVISOR DE ÁGUAS...

- ASCENDÊNCIA DE CÉSAR
Caio Júlio César, filho de Caio Júlio César e Aurélia Cota, nascido em 13 de julho de 100 a.C. pertencia à família patrícia dos Julius e seus antepassados remetiam a Julius que era filho do príncipe de Tróia, Enéas, que era filho da deusa Vênus. E sua mãe pertencia a uma família patrícia, Cottas. Os Júlios eram aristocratas, mas não eram ricos para os padrões romanos, fator esse que deixou a família sempre de fora nas decisões da República. Contudo César era sobrinho de Júlia, irmã do seu pai, que era casada com o general Mário, além de ser casado com Cornélia, que era filha de Lúcio Cornélio Cina, aliado de Mário e inimigo de Sula. Isso justifica sua entrada na política e na carreira militar.

- O JOVEM CÉSAR

Júlio César aos dezesseis anos de idade perde seu pai e assume o cargo de sacerdote do deus júpiter, ao se tornar sacerdote ele abandona Conssúcia, sua mulher, que era descendente de uma família de cavaleiros, muito rica. Logo em seguida (aos dezessete anos) César se casa com Cornélia, filha de Cina, que havia sido cônsul por quatro vezes, Cornélia dá a luz a uma menina, filha de Júlio, que recebeu o mesmo nome da tia de César, Júlia. Essa aliança com Cina fortalecia César (que se interessava cada vez mais pela política) e acabou criando um desconforto em Sila, que era ditador (termo no conceito romano), Sila então ordena o divórcio de César, para que ele perdesse sua crescente influência, contudo César nega-se a divorciar e Sila o depõe do cargo de sacerdote e ainda impede que ele receba o dote da sua mulher e a herança da família, além de ter sido colocado entre os inimigos de Sila, que provocou perseguições a César. Porém César foge de Roma.
Contudo alguns de seus amigos (Mamerco Emílio e Aurélio Cota) após muita insistência obteve o perdão de Sila para César. Sila após conceder o perdão disse enfaticamente:
“Vós conseguistes prevalecer. Regozijai-vos. Porém, sabei que este, por cuja salvação vos agiteis tão ardentemente será, um dia, a derrocada do partido dos nobres que vós próprios tendes defendido ao meu lado. Há em César mais de um Mário”. (SUETÔNIO, 2006 p. 14)

- VIDA ACADÊMICA... VIDA MILITAR... VIDA PÚBLICA... DE CÉSAR

Após receber o perdão de Sila, César decide não retornar a Roma, mas dedicar-se ao serviço militar na Ásia sob o comando do pretor Marco Termo, que no final da vitoriosa campanha ofereceu a coroa cívica a César como presente. Serviu á Servílio Isáurico por pouco tempo na Silícia, mas sempre mostrando bravura em combate e uma capacidade de liderar considerável. Porém quando ainda servia na Silícia, recebeu a notícia da morte de seu antigo inimigo e ditador, Sila, César então voltou a Roma, sabendo dos rumores das anarquias provocadas por Marco Lépido, mas Júlio não quis se aliar à Lépido por desconfiança e pela situação ainda hostil.
César decidiu então, partir para Rodes ao encontro de Apolônio Molon, um célebre professor de filosofia, oratória e retórica, porém durante sua viagem um grupo de piratas o aprisionou e exigiu um resgate no valor de 50 talentos de ouro, enquanto esperava o pagamento do resgate (40 dias) os piratas tratavam César com certa consideração, mas em certos instantes o ameaçava a morte por crucificação. Após o pagamento e sua libertação, César organizou uma esquadra de navios para perseguir os piratas, ao alcançá-los César ordenou que lhes submetesse ao mesmo castigo que fora ameaçado. Crucificação. E César agrupava forças auxiliares por onde passava.
Ao retornar para Roma, César foi honrado com o cargo de Tribunado Militar, exercendo em favor dos seus aliados. Foi dado a César o cargo de questor, quando sua tia Júlia e sua mulher Cornélia morrem e ele aumenta ainda mais a sua fama ao pronunciar um discurso fúnebre.
Em seguida, ainda na questura, recebeu a Espanha Ulterior, localizada entre Portugal e Espanha. Como questor da Espanha Ulterior, César administrava a justiça e no regresso a Roma César passou por Gades, onde encontrou uma estátua de Alexandre, o grande, e se lamentou dizendo que não havia feito nada memorável enquanto Alexandre com a mesma idade já havia dominado grande parte do mundo (conhecido na época) e erguido um império. Ao chegar a Roma, passou a ter planos grandes para Roma e para sua própria história, seguiu como advogado e em 65 a.C. projetou-se com edil e alcançou o cargo.
Como edil, César quis aumentar sua simpatia pelo povo e sua fama de bom militar. César, então, investiu em jogos e circo com seus próprios recursos, causando-lhe uma dívida enorme, mas em contrapartida obteve a simpatia e apoio popular.
Em 63 a.C. César ainda se encontrava endividado, mas o cargo que lhe causou dívidas também lhe deu renome para ser eleito Pontifex Maximus (Pontífice Máximo), que significava uma casa de ordem pública, a responsabilidade de coordenar toda a vida religiosa de Roma e também o fim das dívidas. Foi nesse cargo que César foi colocado em um escândalo no seu casamento. Casou-se com Pompéia filha de Quinto Pompeu e neta do seu antigo inimigo Sila, porém pediu o divórcio ao saber que sua mulher havia se adulterado com um patrício durante a comemoração de cerimônias públicas em sua casa.

- INTENSAS ATIVIDADES POLÍTICAS E MILITARES DE CÉSAR

Após o escândalo em seu casamento, ainda em 63 a.C., César foi eleito pelo cônsul Marco Túlio Cicero, como pretor. Durante esse ano Marco Túlio, fez a revelação da conspiração de Catilina para destronar todos os magistrados, contudo o resultado foi a ordem de execução sem julgamento (isso era uma antagonia romana, pois antes de qualquer decisão os romanos de vida pública faziam seus longos e bem arranjados discursos) , César se opôs a essa decisão, mas não pode fazer nada. Nesse complicado anos de pretor (pois havia se dedicado à política com afinco), César ainda foi eleito Governador da Espanha Ulterior, que outrora servia de questor, César encontrou as províncias latinas em estado de agitação e desorganização.
Nesse estado que vivia Roma, César aliou-se com Marco Crasso e Cneu Pompeu Magno, formando assim o primeiro Triunvirato, governo de três homens, e durante esse período César se sobressaiu aos outros dois.
Em 59 a.C. César foi eleito cônsul pela primeira vez, juntamente com seu inimigo Marco Calpúrnio Bibulo, que se retirou da vida pública em busca de uma vida de espírito religioso. Tal ato deixou César desamparado, sabendo que Pompeu estava em briga com o senado por terras de direito dos seus soldados. César contava com a insatisfação de Pompeu e com o dinheiro de Crasso para se tornar cônsul. A confirmação do triunvirato foi o casamento de Pompeu com Júlia Caesaris, filha de César.
Depois de cônsul no ano de 59 a.C. César recebeu poderes de procônsul para governar as províncias da Gália e Ilíria durante cinco anos. Contudo César em sua inteligência militar sabia que para obter maiores poderes necessitava de um exército fiel e de fama militar. Então quando em 58 a.C. foi para as províncias destinadas a ele, deu início à uma campanha para conquista plena da Gália (localizada na França). Nessa campanha César derrotou povos como os helvéticos, a confederação belga, os nérvios, os venécios e por fim venceu a confederação das tribos gálicas lideradas pelo famoso Vercingetórix na batalha de Alésia. Onde César tomou cerca de um milhão de gauleses como escravos e mais de três milhões mortos nas batalhas.
César conquistou a Gália, partes da Germânia e algumas ilhas Britânicas.
Em 55 a.C. seus aliados Pompeu e Crasso foram eleitos cônsules e prolongaram o proconsulado de César por mais cinco anos. Contudo em 54 a.C. a filha de César, Júlia, que era casada com Pompeu morre durante o parto e o outro aliado de César, Crasso, morre em 53 a.C. na campanha contra o império Persa.
Com a ausência de Júlia, que seria o selo da aliança do triunvirato e sem o terceiro homem que seria Crasso, Pompeu seria o seu último aliado, que por fim acaba se aproximando dos conservadores, inimigos de César.
Numa tentativa desesperada César propõe dar a mão de uma de suas sobrinhas a Pompeu, porém Pompeu preferiu se casar com Cornélia Metela, filha de Cipião Metelo, grande inimigo de César.
César havia criado um exército expressivo e esse ato deixou o senado em estado de temor, que os levaram a ordenar César que desfizesse seu exército e todas as suas legiões, além de impedirem que se candidatasse a um segundo mandato de cônsul.
Essas exigências do senado deixariam César sem qualquer poder político e/ou militar em Roma. Por tal motivo César reuniu cinco mil soldados e atravessou o rio Rubicão em regresso a Roma no dia 10 de janeiro de 49 a.C. onde pronunciou uma de suas célebres frases: “a sorte está lançada”. (“Alea jact est”)
Com esse ato César provocou uma guerra civil dentro de Roma. E ao penetrar Roma, César destruía a oposição e seus exércitos – incluindo o de Pompeu, seu antigo aliado e atual inimigo – Pompeu foge em direção ao Egito. Após dois meses César se torna senhor e comandante supremo da Itália e em 49 a.C. César se fez ditador, cônsul e tribuno em exercício vitalício. César enfrentou o exército de Pompeu em várias batalhas como: Farsália, Dyrrhachium entre outras. Na batalha de Dyrrhachium César ganhou sem folga e fugiu para recompor seu exército, o que fez com que ficasse encurralado por Pompeu, contudo um aliado de Pompeu, Catão, fez com que Pompeu atacasse César na batalha de Farsália, onde Pompeu foi derrotado e seguido por César até o Egito.
No Egito, César descobriu que Pompeu havia sido assassinado, nesta perseguição César se depara com problemas políticos internos no Egito. Cleópatra filha mais velha do faraó, procura César em busca de apoio para assumir o trono que seria dado ao seu irmão Ptolomeu XIII. César destrona Ptolomeu XIII e empossa Cleópatra como rainha do Egito.
César também tinha relações amorosas com Cleópatra, que o fruto seria o filho da rainha do Egito com o comandante supremo de Roma, Ptolomeu XV (Cesarion).
Ainda em 47 a.C. César toma rumo do Oriente Médio, e derrota o rei de Farnaces do Ponto, na batalha de Zela (Atual Turquia). Por sua vitória César enviou ao senado uma espécie de telegrama que dizia: “Vim, vi, venci” – (“Veni, vidi, vici”), que se tornou mais uma de suas célebres frases.  Logo após César dirigiu-se ao norte da África para acabar com os remanescentes de Pompeu, que eram liderados pelos seus inimigos, Cipião Metelo e Catão. Em 46 a.C. na batalha de Tapso, César eliminou seus piores inimigos. Contudo os filhos de Pompeu fugiram com seus comandantes para a Espanha. E em 45 a.C. César derrotou os últimos remanescentes do foco da oposição conservadora na batalha de Munda.
Ao regressar César havia se tornado soberano incontestável do mundo romano. Fazendo assim a transição de República para Império. Contudo os aristocratas aliados a Pompeu que haviam recebido o perdão se uniram para atacar César no receio de que ele se fizesse rei de Roma. Marco Júnio Bruto e Caio Longino Cássio no dia 15 de março de 44 a.C. o apunhalaram até a morte (segundo alguns escritos, César recebeu cerca de vinte apunhaladas).
Sua última frase foi: “Tu também, meu filho?” – versão grega: “Kai su, teknon?”
“Tu também, Bruto, meu filho!” – versão em latim: “Tu quoque, Brute, filii mei!”
“Até tu, Bruto?” – versão em latim da obra de Shakespeare: “Et tu, Brute?”
Segundo Suetônio, César não disse nada ao ser apunhalado.
Após sua morte seu sobrinho-neto, Caio Otávio (depois conhecido com Augusto) e Marco Antônio disputaram arduamente o poder na queda iminente da República e na eminência fundação do Império Romano, onde Caio Otávio, venceu e se tornou o primeiro Imperador (oficial) de Roma.



- ESCRITOS DE CÉSAR

César deixou escrito duas grandes obras: De Bello Gallico – onde comenta os fatos de sua campanha de nove anos na Gália.
De Bello Civili - onde comenta sobre a recusa de obedecer ao senado e a guerra civil romana.

- CÉSAR E SUAS REFORMAS

César em seu tempo de governo fez inúmeras reformas como: Extinção das práticas e dos políticos desonestos; aperfeiçoou o calendário esclarecendo a confusão da contagem dos séculos, estabelecimento de colônias em lugares devastados pelas batalhas como Cartago e Corinto, distribuição gratuita de cereais aos pobres, construção de bibliotecas e drenagem de pântanos para construção de canais.
Contudo César feria o orgulho democrático romano, ao usar o senado apenas como conselheiros e não lhes dando os poderes ocupados antes pelos aristocratas da República. Fazia-se um ditador.

- CRONOLOGIA DE CÉSAR

·         13 de julho de 100 a.C. – nasce em Roma
·         82 a.C – escapa das perseguições do ditador Sila
·         81-79 a.C – serviço militar na Ásia e Silícia
·         79-70 a.C – carreira como advogado em Roma
·         69 a.C – questor na Espanha Ulterior
·         65 a.C – edil
·         63 a.C – Pontífice Máximo, Pretor urbano, Conspiração de Catilina
·         59 a.C – Cônsul pela primeira vez, primeiro triunvirato
·         58 a.C – Procônsul, campanha na Gália
·         54 a.C – morte de Júlia, sua filha
·         53 a.C – morte de Crasso, fim do triunvirato
·         52 a.C – batalha de Alésia, onde toma a Gália
·         50 a.C – atravessa o Rubicão e começa a guerra civil
·         48 a.C – derrota Pompeu na Grécia, cônsul pela segunda vez
·         47 a.C – ida ao Egito; conhece Cleópatra
·         46 a.C – derrota Cipião e Catão na batalha de Tapso, cônsul pela terceira vez
·         45 a.C – derrota os remanescentes da oposição na batalha de Munda
·         44 a.C – assassinado em 15 de março, já havia sido proclamado líder supremo de Roma.

CÉSAR NO CINEMA

·         Julius Caesar, filme anglo-português de 1911
·         Caius Julius Caesar, filme italiano de 1914
·         Julius Caesar, filme estadunidense de 1950
·         Spartacus, filme estadunidense de 1960
·         Giulio Cesare contro i pirati, filme italiano de 1962
·         Giulio Cesare, Il conquistatore delle Gallie, filme italiano de 1962
·         Julius Caesar, filme inglês de 1970

·        CÉSAR E O AMBICIONADO IMPERIO ROMANO

Suetônio (c. 70 – 122 d.C), escritor romano, sempre relata os feitos e fatos de e sobre César, vendo-o como herói romano, que de fato foi como uma mola-mestre para impulsão do crescimento ordenado de Roma. Carregado de ufanismo Suetônio fala sobre inúmeras situações vividas por alguns dos grandes Imperadores romanos, começando por César, precursor do Império romano.
César desde sua entrada no exército se interessava cada vez mais pelo poder e pela política, se preparou com estudo sobre oratória, retórica e filosofia, atuou como advogado, entre outros cargos públicos. César sempre usou uma mescla de força e inteligência para se lançar nos seus projetos.
Excelente orador e político, César também se destacava pelas destrezas militares, que lhe dava ainda mais força para os combates ideológicos e militares.
César ambicionava um império e renome mundial além de ser lembrado, pelos seus feitos, na história. Agia sempre com estratégias de conquista e de impulsão política.
Fez aliados e inimigos (mais que aliados), mas conseguiu alcançar a marca histórica que tanto queria, segundo Suetônio – queria dominar o mundo como Alexandre, o grande -.
César é comparado ao seu ídolo, Alexandre, o grande, pela sua força e a Napoleão Bonaparte, pela sua inteligência em combate.

REFERÊNCIAS

GRIMAL, Pierre. A Civilização Romana. Lisboa: Edições 70, 1984.
ROSTOUTZEFF, M. História de Roma. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1961.
SUETÔNIO. A Vida dos Doze Césares. São Paulo: Martin Claret, 2006.
UNIVERSAL, Enciclopédia Delta. César. Vol 4. Rio de Janeiro: Delta S.A, 1987.
UNIVERSAL, Enciclopédia Delta. Júlio César. Vol 4. Rio de Janeiro: Delta S.A, 1987.
UNIVERSAL, Enciclopédia Delta. Império Romano. Vol 13. Rio de Janeiro: Delta S.A, 1987.
UNIVERSAL, Enciclopédia Delta. Roma. Vol 13. Rio de Janeiro: Delta S.A, 1987.

Por Bruno Drumond Oliveira

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A história do blog

Desde o final do ano de 2010 (meados do mês de setembro) os alunos Bruno e Ana Paula pensaram e criar um blog para trabalhar temas, direta ou indiretamente, ligados à História.
No início do ano de 2011, mais amadurecida, a idéia se tornou fato concreto e aqui estamos! Prontos para ensinar, tirar dúvidas e compartilhar novas descobertas e trabalhos temáticos com todos os interessados pela área.
Grande Abraço à você visitante.